Empatia

Empatia

O segundo traço que consideramos é empatia, que não está primariamente na cabeça. Está no corpo - ao menos é onde ela é iniciada. Segundo Waal, começa "com a sincronização de corpos, correr quando outros correm, rir quando outros riem, chorar quando outros choram ou bocejar quando outros bocejam".


Monges budistasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMonges budistas lançam lanternas ao céu durante o festival Yee Peng em Chiang Mai. O ritual simboliza a liberação de bondade e benevolência

A empatia é absolutamente central para o que chamamos de moralidade, diz Waal. "Sem empatia, você não tem moralidade humana. Ela nos torna interessados nos outros. Nos faz ter participação emocional." Se a religião, segundo nossa definição, é uma maneira de estar junto, então a moralidade, que nos instrui sobre as melhores maneiras de estar junto, é uma parte intrínseca disso.
De Waal foi criticado ao longo dos anos por oferecer uma interpretação cor de rosa de um comportamento animal. Em vez de ver o comportamento animal como altruísta e, portanto, advindo de um senso de empatia, nós deveríamos, segundo esses cientistas, ver esse comportamento como ele é: egoísmo. Os animais querem sobreviver, ponto. Qualquer ação que eles tomem precisa ser interpretada nesse ponto de vista.
O pesquisador, no entanto, acredita que essa é uma maneira enganosa de falar sobre altruísmo. "Nós vemos que os animais querem dividir a comida mesmo que isso tenha um custo. Nós fazemos experimentos e a conclusão geral é que a primeira reação dos animais é ser altruísta e cooperativo. Tendências altruísticas são muito naturais para muitos mamíferos."
Mas não seria isso autopreservação? Os animais não estariam agindo de acordo com seus interesses próprios? Se eles se comportam de uma maneira que pareça altruísta, não estariam eles apenas se preparando para um momento em que precisarão de ajuda? "Chamar isso de egoísta porque no final essas tendências sociais têm benefícios?". Para de Waal, isso é esvaziar o sentido da palavra egoísta.
Sim, é claro que há sensações prazerosas associadas com a ação de dar algo ao outro. Mas a evolução produziu sensações prazerosas para comportamentos que precisamos performar, como fazer sexo e comer. O mesmo é verdade para o altruísmo, diz Waal. Isso não altera fundamentalmente o que o comportamento é.






Manter uma linha tão dura entre altruísmo e egoísmo, portanto, é na melhor da hipóteses ingênuo e, na pior, mentiroso. E nós podemos ver o mesmo com discussões de normas sociais. Filósofos como David Hume distinguiram o que um comportamento "é" e o que "deve ser", o que virou a base para a deliberação ética. Um animal pode performar o comportamento x, mas ele faz isso porque ele sente que deveria - por causa de uma norma?

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