O começo da religião

O começo da religião

As religiões de hoje podem parecer muito distantes da brincadeira entre mamíferos e da empatia que surgiram no nosso passado distante, e, de fato, a religião institucionalizada é muito mais avançada que uma dança da cachoeira. Mas a evolução nos ensina que fenômenos complexos e avançados se desenvolvem a partir de começos simples. Como Bellah nos lembra, nós não viemos de lugar nenhum. "Nós estamos imersos em uma profunda história biológica e cosmológica".

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Image captionAs religiões de hoje podem parecer muito distantes de suas origens antigas, mas assim como todos os comportamentos, estão profundamente imersas na história da evolução

Conforme a linha do macaco evoluiu do nosso último ancestral comum em ambientes mais abertos, foi necessário pressionar macacos, que preferem viver sozinhos, a formar estruturas sociais mais permanentes. A seleção natural foi capaz de realizar essa impressionante proeza ao aprimorar as paletas emocionais que há muito tempo estavam disponíveis aos nossos ancestrais. Com um leque mais amplo de emoções, o cérebro do hominídeo foi capaz de aprimorar suas capacidades, algumas das quais naturalmente os levaram a uma maneira religiosa de existir no mundo. Como essas capacidades são mais desenvolvidas com o crescimento do cérebro humano e o desenvolvimento do neocortex, comportamentos como brincadeira e rituais entraram uma nova fase no desenvolvimento hominídeo, transformando a matéria bruta a partir da qual a evolução começaria a institucionalizar a religião.
Apesar dessa história não determinar quem somos - para cada nova fase na história da vida há um poder maior de agência - essa história biocosmológica influencia tudo que fazemos e como somos. Até a mais aparentemente autônoma decisão humana é tomada dentro de uma história. Essa é a ideia por trás disso tudo. É isso o que temos mantido em mente conforme voltamos para as sementes evolucionárias que floresceriam - de maneira muito devagar - na religião humana.
Apesar de interpretar teologicamente as palavras "este é meu corpo", eu não deveria ignorar o fato de que a comunhão é sobre corpos - o meu, o seu, o nosso. A religião é um fenômeno corporal porque a maneira religiosa de existência evoluiu por milhões de anos conforme os corpos de nossos ancestrais interagiam com outros corpos ao seu redor. Se alguém toma a comunhão ou se considera religioso, nós estamos navegando nossos mundos sociais com nossas capacidades evoluídas de brincar, empatizar e celebrar rituais entre nós.

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